quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


miseravelmente despido
dentre as espécies, o erro de Deus
com um cigarro pendurado entre os lábios
a testa quente, pedindo antibióticos e mais uma dose
a tuberculose deu fim aos jovens pulmões
queria esvaziar-me de pensamentos
pensar me faz sofrer e impede que eu me suicide

...de que vale a poesia se estão vivendo fora dela?

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

hoje?

amputaram-me as flores...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

a embriaguez me impede de voltar
mas não pense que estou longe
as vezes estou nos quartos
de bordéis cheirando a mofo
atraído pela primeira vertigem
ostentando mentiras de pecador
ostentando mentiras de pecador
tentando alcançar minha infância
milenar tradição dos moribundos
mas não estou morrendo
sou apenas cinzas de uma nova era
a desgraça da contradição humana
sem palavras tentando explicar
coisas que se contradizem
neste vil cabaré
acredito que as pessoas enlouqueçam
por terem muitas opções
não tente me entender
ninguém nunca entendeu
isso facilitará o nosso amor

terça-feira, 22 de setembro de 2009

todos os meus vícios estão virando poesias
poesias de um anjo decaído
que agora voa com novas asas

sábado, 5 de setembro de 2009

acordei com uma puta sobre meu corpo
com uma puta de uma ressaca
parece que adormeci lendo Clarice Lispector
o livro aberto sobre a cama faltava uma página
não me lembro bem
mas acho que fumamos ela
afinal de contas
algumas coisas são pra ler
outras, pra fumar
as paredes do meu quarto assistem comigo
o movimento de rotação e translação
que faz meu quarto girar
e sorrindo me lembrei de Cazuza
dizendo que o banheiro é a igreja de todos os bêbados
é, eu também ando tão down
pensei em ascender um cigarro
só os inbecis fumam sem motivo
onde estará ela?
há tanto tempo não nos vemos
ou será que foi ontem?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009


Com a boca ressaquiada acendo um cigarro por indiferença. Sobre a escrivaninha estão um cinzeiro, um colírio, folhas amareladas com poesias esquecidas e um crachá. A noite fria de agosto traz lembranças de algo que não sei de onde vem, nem pra onde vai, fica bem aqui, como se esse algo bem aqui não soubesse também pra onde ir. Talvez sejam lembranças de um cadáver recente. Sentimentos insólitos perturbam minha alma. Num livro que descansava na última prateleira da encanecida biblioteca descobri que o amor foi estuprado. O sentimento agora hesita com olhos arregalados à sombra da masturbação. A loucura saiu de moda, virou tendência. De volta aos bares, entre amigos que não me conhecem, minha alma indiferente, acende outro cigarro, assustada com as novas epidemias sociais...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

o espírito do poeta

ele zombava de sua própria morte
com uma garrafa empoeirada de um vinho barato
ao som do blues declamava
uma improvável e intocável poesia
diante da imortalidade de sua alma
falava sobre si
sobre seu sexo e seus distúrbios psicológicos
sobre seus passos que não eram passos
eram surtos aprisionados num corpo mortal
que lhe fazia ver somente o que não fosse crime
agora livre, sacudiu o pó da alma
favorável a tudo que lhe condene
clamava pela loucura de sentimentos voláteis
um espírito embriagado de poesias plurais
a desprezar os pobres corpos mortais...

segunda-feira, 22 de junho de 2009


quisera eu entender
a minha própria busca
a busca de poesia, terapia e filosofia

nos bancos das praças
o bom da noite
o dom da noite
onde estão os mágicos
andarilhos, mendigos e hippes

aqueles que não vivem nos tempos
dos relógios de 24 horas
aqueles que dormem sob os bancos
sobre os quais fazem seus comícios
aqueles que comem seu pão na calçada
e que andam descalços pela madrugada

nas noites, ruas e bares
as vagabundas ou bundas vagas
mulheres mal amadas e mal pagas
em meio a boemia, a maresia, a putaria

e, onde estão os loucos para um discurso?
onde estão os loucos para um curso?
que nos ensine poemas para declamar
que nos ensine simplesmente, amar...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Açúcar (Ferreira Gullar)


O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.

Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
E veio dos canaviais extensos
Que não nascem por acaso
No regaço do vale.

Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.

quarta-feira, 10 de junho de 2009



...o tempo não está se esgotando.
o tempo está sempre ali.
é você que está se esgotando,
que está indo embora,
correndo rápido demais.
vá com calma.
o tempo é a única coisa
que ninguém tira de nós.

quisera eu entender
a preocupação cumpulsiva,
as unhas roídas
e a gastrite erosiva.

quisera eu entender
o porquê...
porque estou me esgotando,
correndo rápido demais,
se o tempo está sempre ali.

a graduação visando
a pós graduação.
estudar, trabalhar,
ganhar títulos para
pendura-los na parede.

fazer filhos, construir.
talvez seria um bom motivo
para permanecer pra sempre
na terra, correndo
contra o tempo...

onde está minha calma,
onde encontra-se minha alma?
alma sem corpo,corpo sem alma
alma de louco, louco por calma.
clamando por poesias,
que me permitam fantasias.

fantasias nas quais
o tempo respeite o
meu tempo
pois estou me
e s g o t a n d o . . .

terça-feira, 2 de junho de 2009

Versos prontos
Como o enredo de soluços
Embalados por pensamentos
Destilados
Despir-se da linhagem do rancor
Fazer amor
Ser criança
Em meio à inocência cruel
Tomar um copo e meio de fel
Em busca dos favos de mel
De qualquer sombra
Qualquer sobra
Que se dê aos degredados
Filhos de Eva
Mas antes
A brincadeira de Deus
A arte de ser poesia

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O que escrever?

Caros amigos leitores desse meu roteiro imaginário, bom dia, boa tarde e boa noite! Passei um tempinho sem escrever e confesso que nem eu sei o porquê! Talvez por falta de inspiração (como diria o compositor), talvez por preguiça ou pela falta de tempo (acho que essa seria a melhor das justificativas). Mas, mais importante que escrever é ler. Acho que já disse que sou um blogueiro de plantão, acho o blog muito interessante, uma oportunidade de conhecer e decifrar novas formas de encarar o cotidiano. Hoje estava lendo o blog "Crônicas do dia" (confesso que passo por este blog diariamente!) e deparei-me com uma crôncia postada em que o autor dizia "O que eu deveria escrever se esse fosse meu último registro escrito, se fosse por meio deste texto que as pessoas compreenderiam minha partida inesperada e toda a minha vida?". Esta crônica me fez parar e pensar no que eu escreveria se soubesse que aquele seria meu último registro escrito. Muitas coisas passaram por minha cabeça! O que escrever? O que escrever para minha querida mãe, exemplo de amor incondicional; para meu querido pai, pessoa que me fez leitor e para minha irmã, a quem sempre quero proteger? E não só a eles, o que escrever aos meus parentes e amigos? Talvez eu devesse escrever a cada um deles que nos encontraremos em breve em uma outra dimensão, no paraíso... Ou quem sabe eu deveria deixar escrito para cada um deles, cada uma de minhas idéias, dos meus sonhos, dos meus ideais... Mas isso seria uma tola tentativa de continuar participando quando não se pode mais participar. Escrever uma mensagem dizendo para que vivam intensamente cada instante de suas vidas, porque o ontem já passou, o hoje já está acontecendo e o amanhã, o amanhã pode não vir? Dizer a todos que deixem o futuro dormir como merece, porque se o acordarem antes da hora terão um presente sonolento? Pedir desculpas pelo que fiz ou deixei de fazer e dizer "amo vocês"? Na verdade nada do que eu escrevesse adiantaria, pois seria tarde de mais. Tomara que nessa hora eu consiga escrever algo que me faça adormecer criança antes da morte, que é a própria coisa outra vez...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Noticiário Policial por Luiz Silva

Advogado tem motocicleta furtada no centro de Pará de Minas

Seguindo o cotidiano de uma cidade que cresce a cada dia e, com isso, atrai a criminalidade, nesta terça-feira a Polícia Militar de Pará de Minas registrou mais um furto de motocicleta.

O advogado Vitor Magno de Almeida Oliveira, 26 anos, solicitou a PM por volta das 20h45, na rua do Rosário, centro da cidade, onde relatou que a motocicleta dele, uma Honda Biz azul, placa GXL 3285, fabricada em 2000, havia sido furtada.

Segundo Vitor, o veículo estava com aproximadamente um litro de combustível no tanque. Ele acredita que o crime tenha ocorrido entre 18h e 20h45. A polícia fez rastreamento, mas até o momento a moto não foi recuperada.

Fonte: www.jcnoticias.com.br


Resolvi postar este texto movido pela pior sensação que já senti em todos os meus anos de vida, podem acreditar! Sensação de desespero, de impotência, de angústia, enfim... Conversando com meus sócios ontem pela tarde um deles disse que meu dia parece ter mais de 24 horas, pela quantidade de compromissos diários aos quais me submeto. O fato é que para deslocar-me de uma reunião para outra, de um compromisso para outro, de um lazer para uma aula, eu conto com um meio de transporte econômico, agil e eficaz, ou melhor, contava... Logo quando comecei a trabalhar, quando eu tinha lá meus 13 aninhos, fiz minhas economias e comprei uma motocicleta, uma Honda Biz, isso no ano de 2000. Lembro-me que com as economias que fiz dei uma entrada e o restante financiei em infinitas prestações de R$110,00. Naquela época eu estudava de manhã e trabalhava como office boy à tarde, percebia uma remuneração equivalente a R$100,00 o que gerava um déficit de R$10,00 por mês, mas com muito esforço e honestidade consegui pagar as infinitas prestações daquele financiamento. Passaram-se nove anos da aquisição daquela motocicleta... Nesse tempo ela me serviu para ir ao trabalho, ir pegar o ônibus que me levava a faculdade, dentre outros compromissos. E quando eu disse que contava com esse meio de transporte é porque só pude contar com ele, ou melhor, com ela (a moto) até ontem. Ontem ela me serviu para ir trabalhar, para ir a uma reunião, para ir a academia e depois ao meu curso de inglês. Ao sair do curso de inglês, localizado em umas das ruas mais movimentadas da minha cidade, deparei-me com um espaço vazio, um espaço físico vazio. Minha moto não estava mais onde eu havia estacionado-a e aquele espaço físico vazio fez brotar em mim uma sensação de vazio, a sensação de impotência diante de um indivíduo desonesto que furtou minha motocicleta...

terça-feira, 5 de maio de 2009

O desafio do desenvolvimento sustentável.


A cada dia que passa a natureza evidencia mais sinais de esgotamento, exigindo mudanças comportamentais por parte do homem. Como se sabe, a atividade econômica pauta-se pela lei da oferta e da procura, pela busca de novos mercados, enfim, pelo lucro custe o que custar, até mesmo à custa de danos ao meio ambiente. Encontrar um ponto de equilíbrio entre atividade econômica e uso adequado, racional e responsável dos recursos naturais, respeitando-os e preservando-os para a gerações atuais e futuras representa o grande “desafio” da humanidade. A própria Constituição Federal é clara ao tratar dos princípios gerais que regem a atividade econômica e não permite evasivas: “a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social”, observando-se, dentre outros princípios, “a defesa do meio ambiente” . Visando compatibiliazar a economia de mercado com a preservação ambiental é que se fala em princípio do desenvolvimento sustentável, definido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Por isso se fala em “desafio”, o desafio de conseguir integrar a proteção do meio ambiente ao processo de desenvolvimento econômico social, o desafio de não isolar a idéia de desenvolvimento econômico, visando apenas maximização de lucros e minimização de custos, ainda que para isso se degrade o meio ambiente, mas sim integrar economia e meio ambiente em busca de um desenvolvimento sustentável. Não se trata, portanto, de cercear a atividade econômica que tem como meta a satisfação das necessidades e aspirações humanas. Mas sim de não consentir ao empresário atuar de maneira aleatória e indiferente em relação aos bens ambientais. Deve, ao revés, em atitude ética e socialmente responsável, internalizar no processo produtivo todos os custos, inclusive ambientais, empregando os avanços tecnológicos a serviço da sociedade, mas em harmonia com o meio ambiente. Deve evitar e prevenir condutas lesivas ao meio ambiente, como também empregar mecanismos eficazes na restauração de eventuais danos ambientais. O desenvolvimento há de ser sustentável, inserido no complexo indissociável que une homem e natureza, concretizando entre ambos um convívio sóbrio e saudável, ecologicamente equilibrado, propiciando ao homem de hoje e ao de amanhã, uma sadia qualidade de vida.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Não me lembro...

Fui acordado pela manhã por uma senhora que dizia incansavelmente "Vitor, você vai chegar atrasado em seu trabalho!". Várias perguntas me vieram a cabeça: "Vitor?!", "quem é esta mulher?", "onde eu estou?", "perder a horda do trabalho?", "que trabalho?". Mediante tanta insistência daquela Senhora levantei-me e perguntei onde eu estava e quem era ela. Fui ignorado! Ao sair do quarto andando atrás daquela mulher cheguei a cozinha e deparei-me com uma moça de uns vinte e poucos anos, não me pergunte quem era, porque eu não sei! Perguntei para a moça onde eu estava e quem era a Senhora que me acordou e a moça que parecia mal humorada por ter acordado cedo disse-me: "vai cagá!". Fiquei ali parado naquela cozinha sem saber o que estava acontecendo e porque eu teria acordado em meio a pessoas desconhecidas. A Senhora que pareceu ficar nervosa com meu comportamento disse que meu café iria esfriar e que eu perderia a hora do trabalho. Voltei a dizer a ela que não estava entendendo o que estava acontecendo, que não conhecia ela e nem a moça que estava tomando café, que não me lembrava de trabalho nenhum e muito menos onde eu estava e porque estava ali. A mulher ficou enfurecida, disse que levantou-se cedo, fez o café e nos chamou, acrescentou que a mãe dela nunca teria feito isso por ela. Apelou e disse que era uma falta de respeito eu ficar ali fazendo hora com a cara dela. Foi se deitar! Eu fiquei ali por mais alguns istantes, sentado naquela cozinha, imaginando da onde surgiram aquelas pessoas, quando para a minha surpresa mais um estranho apareceu e disse: "uai, vai trabalhar não?". Eu disse a ele que não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que não me lembrava da mulher, nem da moça e tão pouco dele. O Senhor mais paciente sentou-se e conversou comigo por alguns minutos. Me levou para o lado de fora da casa, me mostrou algumas casas ao redor, me mostrou uma praça e um bar e depois perguntou se eu lembrava de algo. E eu respondi que não, porque realmente não me lembrava de nada daquilo. Voltamos para dentro de casa e ele foi até o quarto da mulher. Vieram os dois, sentaram-se ao meu lado e começaram a perguntar-me várias coisas do tipo "qual seu nome?", "você trabalha?", "você estuda?", "tem namorada?", "quantos anos tem?", "em que cidade mora?", "quem são seus amigos?". E para todas aquelas perguntas eu apresentei a mesma resposta: "NÃO ME LEMBRO!". Me levaram a casa de uma vizinha, uma velhinha e perguntaram-me se eu sabia quem era, mas eu não sabia, juro que não sabia! Me levaram a outras casas nas quais eu não me lembrava de ninguém, absolutamente ninguém que me era apresentado. Chegaram a me levar em uma empresa onde disseram que eu trabalhava no departamento jurídico e depois me levaram em um escritório, que segundo eles, seria o meu escritório. Me disseram que eu era advogado, que eu estava fazendo um curso de pós graduação em Direito Ambiental, que era apaixonado pelo Direito e tinha ansia de Justiça! Depois me disseram que meu nome era Vitor, que eu tinha 26 anos e que era filho deles e que a moça que me mandou ir cagar era minha irmã. Mas eu não me lembrava de nada. Não me lembrava de absolutamente nada! Não me lembrava da velhinha que disseram-me ser minha avó, não me lembrava da empresa e de nenhuma daquelas pessoas com quem disseram-me que eu trabalhava, não me lembrava de ter escritório e muito menos de ser advogado, enfim, não me lembrava da minha própria identidade, da minha origem, dos meus pais, do meu próprio nome. Eu perdi meu passado e desejei que as lembranças fossem como vacina, que pudessem ser injetadas! Eu perdi a memória! Eu não me lembro...

terça-feira, 14 de abril de 2009


Quando o sol ocupa os passos já não sou eu quem caminha
Mas minha sombra, que, perturbando meu funcionamento intelectual
Desarticula meus pensamentos
Transformando-os em perturbadoras desconfianças
Meu corpo alucinado se retrai
Amarrado ao delírio e as alucinações sinto-me perdido
Vozes misturam-se a palavras sem coerência
Rio-me como uma hiena insana
Divirto-me
Entrego-me outra vez a polícia
Já não distingo a realidade
O todo é ilusório, irreal
Já não sei quem sou
Em delírio constante sou bicho, sou bruxo, sou povo, sou polvo
E continuo na minha insanidade mental
Em meio a minha esquizofrenia...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Bêbado!?


Eu já disse que a noite me sugere embriaguês. Portanto, reunir amigos, sair pela noite de bar em bar, a preencher a face de álcool até ficar louco e perder a noção das coisas em busca de uma ressaca moral fraterna e em meio a promessas de que não vou gastar mais do que posso nessa noite. Desnecessário dizer que no outro dia não me lembro com clareza dos fatos da noite passada e que ainda embriagado as primeiras palavras que me vêem a boca são “puta que o pariu”! Gastei muito mais do que eu podia de fato gastar na noite. Mas é desnecessário falar também que foda-se o dinheiro porque não a dinheiro no mundo que pague um bom rock and roll com a galera portadora do vírus da insanidade e da loucura. Eu costumo falar que o bêbado passa por fases. Tem a fase alegre, onde o alcoolizado cidadão sorri como uma hiena descontrolada para todos e por tudo. A fase depressiva onde o camarada chora sem saber o porquê. Na fase bravinho o embriagado que mal consegue se equilibrar manda todo mundo a merda, chama todo mundo pra briga e não tem medo de nada nem de ninguém. Com o passar dos minutos e com o aumentar do número de doses o bêbado alcança a fase do “eu sou rico”, paga bebida pra todo mundo, sobe no palco e manda fechar o bar por sua conta, empresta dinheiro para o amigo do amigo do irmão do seu amigo, e se tem celular, ai fudeu! celular na mão de bêbado é mesma coisa que uma AR-15 na mão de um iraquiano, só faz merda! Liga pra todo mundo. Um outro bêbado qualquer diz: “_Liga pra Ana Luíza no exterior!”. E o bêbado, em sua fase “eu sou rico” liga pra tal Ana no exterior. Mensagens? São enviadas pra todos aqueles com quem ele tentou falar e não conseguiu. Mas o pior ainda está por vir, o tiro de AR-15 certeiro no coração do bebum. Ele liga pra pessoa amada e ela que nem sabia que ele estava na balada escuta o monte de merda, e isso já são lá pelas 3:30 ou 4:00 hs. da madrugada, e no outro dia, quando olha as chamadas realizadas vê a ligação e não lembra que poderia ter feito isso e o pior, sequer lembra do que falou. Mas enfim, tudo em nome de um bom rock and roll.

quarta-feira, 25 de março de 2009



...dias nublados
dias dublados...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Café do poeta!

Negro como a noite
Forte como a paixão
Quente como o desejo
Doce como o amor

quarta-feira, 18 de março de 2009

Um andarilho... um poeta...

Noite me sugere falta de sobriedade
Em meio a uma embriagues macabra
Vejo-me tomado por um espírito andarilho
Meu subconsciente em luto ressoa minhas vontades
Minha visão turva faz com que as vozes se embaralharem
Ouvi gritos, gritos de um homem
Que sobre o banco da praça falava a verdade
Mas ninguém se importava
Pensaram que o álcool lhe provocara delírios
Pobre andarilho bêbado amante da poesia
Com os órgãos ressecados
Com uma ressaca fraternal
Segurando uma garrafa de vinho e
Entre os dedos um cigarro barato
Acordei deitado no banco da praça

Um texto branco.



"Queria, sim, queria olhar para você e não precisar escrever nada, pensar em você como página branca mais bonita. Queria um texto branco para ninar meu pavor de continuar com essas perguntas vazias e essa adolescente insubordinação." (Leo Marona)

Fernando Pessoa disse que ser poeta não era sua ambição, mas sua maneira de estar sozinho. Pode ser esse o motivo porque escrevo. Escrevo para espantar a solidão de meus pensamentos... Queria olhar para aquela flor e não precisar escrever que ela está desabrochando para morrer, queria olhar para você e não precisar escrever nada. Mas assim como o estudante precisa estudar, o cantor precisa cantar e o assassino precisa de uma arma, eu preciso escrever. Escrever sobre sobriedade e embriaguês, amor e ódio, felicidade e tristeza, paz de espírito e angústia. Escrever sinônimos e antônimos e quem sabe assim descrever você. Queria eu, ao invés de escrever, poder apagar. Apagar todo ódio, toda tristeza e toda angústia que me consome e se escrever se torna inevitável a minha subsistência espiritual, queria eu um texto branco.

terça-feira, 17 de março de 2009

“Que o teu afeto me afetou é fato...”

Afeto (affectus ou adfectus em latim) um conceito filosófico o qual designa um estado da alma, um sentimento. Um afeto é uma mudança ou modificação que ocorre simultaneamente no corpo e na mente. Afeição (vinda de afeto), é representado por um apego a alguém ou a alguma coisa, gerando carinho, saudade (quando distantes), confiança e intimidade. Em psicologia, o termo afetividade é utilizado para designar a suscetibilidade que o ser humano experimenta perante determinadas alterações que acontecem no mundo exterior ou em si próprio. A maneira como somos afetados pode diminuir ou aumentar a nossa vontade de agir. Suponhamos que você foi afetado pela picada de um inseto; provavelmente isso irá diminuir seu “carisma” por aquele até então inofensivo inseto e aumentar sua vontade de mata-lo. Logo, se você afeta aquele inseto com um simples abanar de mãos ele voará, mas se você o afeta com um insetiscida ele provavelmente morrerá. A maneira como somos afetados pode não só aumentar ou diminuir nossa vontade de agir, como também mudar a direção de nossas vidas. Agora subistitua o inseto por uma pessoa! Algumas me afetam, outras nem o vento provocado pelo simples abanar de suas mãos eu sinto. Daquelas pessoas que me afetaram e afetam, em algumas me apeguei, depositei confiança, conquistei confiança, ofertei carinho, me tornei intimo e, consequentemente tenho experimentado algumas mudanças. Mudanças de pensamento, mudanças de sentimentos... Mudanças que se misturam e se confundem, me confundem... E, em meio a confusão algumas certezas se vão, outras não! A certeza de que o teu afeto me afetou é fato, agora faça-me um favor... por favor...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Como dizia Clarice Lispector

"as vezes tenho períodos hiatos em minha vida..."

“Nada se explica
Nem um instante
Mesmo tão perto
Distante”

O meu mundo não é como o dos outros. Quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesmo compreendo. Com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que se sente distante apesar de tão perto. Traço rabiscos da vida ordinária em busca de uma constante aproximação, e às vezes me aproximo de ordinárias pessoas. Pessoas abstratas, pessoas que mesmo tão perto se fazem distantes. Os dedos entrelaçados, o abraço apertado, os lábios que ardentemente se tocam e, o pensamento vagando por entre becos escuros e desertos futuros. Estar perto de corpo e alma às vezes demanda tempo, um tempo que subentendemos que será preenchido por ladainhas e então preferimos encher os bares e ao invés de corpo e alma teremos copo e arma. Felizes os que escolhem o crime de burlar e desafiar quaisquer leis criadas para nos impedir de celebrar a nossa existência, de celebrar a amizade sincera e o amor. Felizes os que mesmo distante, tão perto...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

por que você me olha depressa?



Van Gogh é considerado um dos principais representantes da pintura mundial. Certa vez Van Gogh convidou um amigo, que também pintava divinamente e mostrou-lhe seus quadros e perguntou-lhe: "O que acha das minhas pinturas?". O amigo olhou os quadros expostos e disse a Van Gogh: "São horríveis! Você pinta muito rápido!". Van Gogh, inconformado e sentindo-se injustiçado disse ao amigo: "Não sou eu que pinto rápido demais amigo. É você que olha rápido demais!".

Assim é nosso dia a dia... Assim é a sua, a minha, a nossa vida... As pessoas se olham rapidamente, quando se olham. Acordamos, sentamos a mesa, tomamos café e, quando muito um "bom dia" muito rapidamente é resmungado! Já saímos de casa as pressas, atrasado, estressado, alienados ao tempo. Passamos na banca de jornal, a mesma banca que há anos compramos o mesmo jornal e, se nos perguntarem quem nos vendeu o jornal, responderemos que foi o João ou o Zé, mas quem é João e quem é Zé? Não sei! Eu não sei e você que também compra diariamente o mesmo jornal que eu, na mesma banca, não saberá! O mesmo ônibus, o mesmo motorista e o mesmo trocador. Há anos tomamos aquele ônibus para chegar ao trabalho e o máximo que sabemos é o valor da passagem. No trabalho, sim senhor, não senhor, pois não e, que chefe chato, que telefonista mala! No trabalho a máxima atenção que se da é ao crachá pendurado no bolso da camisa de uniforme, ali você encontra as informações que acha necessária - nome e função.

Já dizia Mário Quintana:
"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado..."

Eu estou me acompanhando há um tempo. Desde a hora que acordo até a hora que durmo. As pessoas me vêem esporadicamente, pudera alguém chegar bem perto... As pessoas se olham rapidamente, superficialmente. Não se permitem. Não veem que o tempo voa, que escorre pelas mãos e que mesmo sem se sentir, não há tempo que volte (amor)...

E sabiamente Mário Quintana conclui:
"...Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas. Desta forma, eu digo: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo;
a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais".

Esse dia não lhe será dado amanhã. Esse dia lhe é dado hoje! Faça valer a oportunidade. Olhe com mais cautela para as pessoas que te cercam. Ame mais, leia mais, faça mais amigos, se divirta mais, pergunte ao cara da banca, ao motorista e ao trocador do ônibus se eles precisam de alguma coisa (as vezes uma palavra vai fazer com que um deles ganhe o dia). Pois, vamos viver tudo que há pra viver... vamos nos permitir...

O estado psicológico de Van Gogh chegou a refletir em suas obras. No ano de 1889, sua doença ficou mais grave e teve que ser internado numa clínica psiquiátrica. Nesta clínica, dentro de um mosteiro, havia um belo jardim que passou a ser sua fonte de inspiração. As pinceladas foram deixadas de lado e as curvas em espiral começaram a aparecer em suas telas.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

depois da noite de ontem...

A caminho de casa
Embriagado e sozinho
Tropecei na minha sombra

Escorei nos muros
Tentei me explicar
Mas eles parecem surdos

Passei pela banca
Comprei um jornal
E só consegui ler no plural

Na esquina da escola
Uma puta e um poeta
Um ponto e um conto

As ruas se confundem
As chaves não transam
Mais com as fechaduras

Acordei sentindo frio
Abraçado ao próprio corpo
Um conforto, um pesadelo

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

por cantos e contos...

encontros e desencontros
encantos e desencantos
pelos cantos ouvindo contos

nos contos encontro fadas
despidas pelos contos
se emprestam a fazer encantos
se prestam a desencantos

contos encantos encontros
cantos desencantos desencontros

nos cantos por onde andei
nos contos que criei
encontros marquei
desencontros provoquei

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

poesias em guardanapos...



Tive um repentino ímpeto de pular da cama, vestir a calça mais velha, calçar meu all star, entrar no primeiro boteco e dividir uma garrafa e meia de pura falta de sobriedade com alguns amigos. A necessidade de estar rodeado por pessoas despidas de preconceitos, despidas dessa caretice e, de tanta basbaquice, que transforma pessoas em horríveis carrancas cada vez menos humanas me consome. E foi com pessoas assim que me encontrei naquela noite, naquele primeiro boteco que entrei. Uma boa prosa, boas gargalhadas, pensamentos dispersos e sem compromisso de ser isso ou aquilo, uma poesia escrita por frases dispersas que brotavam do interior de cada um...

Aos meus amigos: Edna Mara, Gilmara, Viny, Fredec, Otávio e Mariana, a minha gratidão pelos versos dispersos em um guardanapo em meio à boemia de um domingo que ria da nossa ressaca.

sábado, 17 de janeiro de 2009

escreva um capítulo



...só escrevo quando quero e o que quero. eu escrevo minha história. eu e somente eu. sou livre pra criar meus personagens, meu roteiro imaginário. na minha história morre quem eu quero, vive quem eu quero e ressuscita quem eu quero, afinal de contas a história é minha. ontem mesmo escrevi uma história com vinte e tantos personagens. matei todos! me senti sozinho e ai ressuscitei todos eles. as vezes tentam editar minha história, se eu gostar, tudo bem! mas se eu não gostar, simplesmente apago, rasgo. na vida é assim. você, só e somente só você deve escrever sua história. ame quem quiser, apague quem quiser, durma quando quiser e com quem quiser, chore se quiser. mas cuidado com os personagens que você permite adentrar (as vezes e, na maioria das vezes, sem ser convidado) na sua história. as pessoas podem e vão (pelo menos tentar) editar sua história. sentem prazer em editar histórias alheias e esquecem da sua própria história. motivo pelo qual vivem depressivas, infelizes, pobres de espírito, sem cultura, amarradas ao passado. perdem tempo com a história dos outros e esquecem de escrever a sua própria história. e quando chegam no fim da história, seus livros estão cheios de capitulos incompletos, isso quando conseguiram escrever um capítulo de sua própria história...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

um luar...

a lua que teima em se mostrar
feito prostituta iniciante estava lá
no alto do negro céu a iluminar
a provocar os meus mais aguçados instintos
eu, desejava apenas vinhos baratos
por uma ressaca fraterna
beijos que me tirassem o fôlego
carícias que me provocassem calafrios
uma mulher com quem eu pudesse acordar...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

vivo a esperar...

vivo...
vivo entregue a boemia
vivo a fazer poesia
a espera de um dia você voltar aos braços meus

vivo...
vivo das lembranças que guardei
da esperança que criei
das canções de amor que pra você cantei

várias...
várias bocas eu beijei
várias transas eu tramei
várias camas frequentei
pra esquecer que te amei

hoje...
vivo entregue a boemia
vivo a fazer poesia
a espera de um dia você voltar aos braços meus

olho...
olho as fotos que guardei
as lembranças que guardei
olho as rosas que plantei
a esperança que criei
olho os bares que frequentei
onde canções de amor por você cantei

e, vivo...
vivo entregue a boemia
vivo a fazer poesia
a espera de um dia você voltar aos braços meus

Dom...

Ele recebeu o dom da dúvida, da incerteza e do questionamento. Não conseguia como muitas pessoas passar pelos dias sem se questionar. E de tanto questionar-se acabou entendendo. O grande desafio está em fazer ter sentido. Parece um círculo vicioso. Algo como a roda da vida que não tem fim. Assim é também a busca pelas respostas, pelo entendimento, pelo sentido. Nunca termina! Mas nem sempre foi assim... Ele costumava maldizer o dom, o mal-estar causado por ele, essa sensação constante de equívoco. Sua existência, mero acaso. Sensação ácida. Um dia ele entendeu que o mal-estar poderia levá-lo a algum lugar. Ele poderia buscar o antídoto. Por algum tempo procurou o antídoto da vida, não a morte como pode-se pensar, mas pelo não-sentir, não-viver, pois viver e sentir estavam tão impregnados de dúvidas que ele quase não conseguia respirar. Ele fez escolhas, trilhou caminhos longos apenas para chegar ao outro lado, descidas íngremes, estradas escuras e para seu espanto ao chegar... reconheceu o lugar, perto demais do local de partida. Consolava-se saber que não voltou sozinho, trouxe bagagem, alquimia necessária para transformar a maldição em dom e assim presentear a vida, não precisava mais do antídoto, já estava curado. Vivia.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Trecho de A ARTE DE ANDAR NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO

Augusto, o andarilho, cujo nome verdadeiro é Epifânio, mora num sobrado em cima de uma chapelaria feminina, na rua Sete de Setembro, no centro da cidade, e anda nas ruas o dia inteiro e parte da noite. Acredita que ao caminhar pensa melhor, encontra soluções para os problemas; solvitur ambulando, diz para seus botões.

No tempo em que trabalhava na companhia de águas e esgotos ele pensou em abandonar tudo para viver de escrever. Mas João, um amigo que havia publicado um livro de poesia e outro de contos e estava escrevendo um romance de seiscentas páginas, lhe disse que o verdadeiro escritor não devia viver do que escrevia, era obsceno, não se podia servir à arte e a Mammon ao mesmo tempo, portanto era melhor que Epifânio ganhasse o pão de cada dia na companhia de águas e esgotos, e escrevesse à noite. Seu amigo era casado com uma mulher que sofria dos rins, pai de um filho asmático e hospedeiro de uma sogra débil mental e mesmo assim cumpria suas obrigações para com a literatura. Augusto voltava para casa e não conseguia se livrar dos problemas da companhia de águas e esgotos; uma cidade grande gasta muita água e produz muito excremento. João dizia que havia um ônus a pagar pelo ideal artístico, pobreza, embriaguez, loucura, escárnio dos tolos, agressão dos invejosos, incompreensão dos amigos, solidão, fracasso. E provou que tinha razão morrendo de uma doença causada pelo cansaço e pela tristeza, antes de acabar seu romance de seiscentas páginas. Que a viúva jogou no lixo, junto com outros papéis velhos. O fracasso de João não tirou a coragem de Epifânio. Ao ganhar um prêmio numa das muitas loterias da cidade, pediu demissão da companhia de águas e esgotos para dedicar-se ao trabalho de escrever, e adotou o nome de Augusto.

Agora ele é escritor e andarilho. Assim, quando não está escrevendo - ou ensinando as putas a ler -, ele caminha pelas ruas. Dia e noite, anda nas ruas do Rio de Janeiro.


*Este conto está no livro Romance negro e outras histórias, de Rubem Fonseca.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Noite de blues, vinho e amor.

No alto da serra
Perto de Deus
A observar estrelas
Vaga lumes a pairar
E a lua cheia a me namorar

Sentados em roda
Um blues de fundo a tocar
Música de contrabandista de vinho barato
Vinho chapinha, canção, o importante é inebriar-se

Em meio à prosa, poesia e boemia
Ela se pôs a dançar
Com os pés sobre as brasas da fogueira
Anestesiada pela embriagues não diagnosticável

Ela dizia querer me amar
Dizia querer um amor desprovido de sintomas
Um amor como aquele que por vezes me viu ofertar