quarta-feira, 22 de abril de 2009
Não me lembro...
Fui acordado pela manhã por uma senhora que dizia incansavelmente "Vitor, você vai chegar atrasado em seu trabalho!". Várias perguntas me vieram a cabeça: "Vitor?!", "quem é esta mulher?", "onde eu estou?", "perder a horda do trabalho?", "que trabalho?". Mediante tanta insistência daquela Senhora levantei-me e perguntei onde eu estava e quem era ela. Fui ignorado! Ao sair do quarto andando atrás daquela mulher cheguei a cozinha e deparei-me com uma moça de uns vinte e poucos anos, não me pergunte quem era, porque eu não sei! Perguntei para a moça onde eu estava e quem era a Senhora que me acordou e a moça que parecia mal humorada por ter acordado cedo disse-me: "vai cagá!". Fiquei ali parado naquela cozinha sem saber o que estava acontecendo e porque eu teria acordado em meio a pessoas desconhecidas. A Senhora que pareceu ficar nervosa com meu comportamento disse que meu café iria esfriar e que eu perderia a hora do trabalho. Voltei a dizer a ela que não estava entendendo o que estava acontecendo, que não conhecia ela e nem a moça que estava tomando café, que não me lembrava de trabalho nenhum e muito menos onde eu estava e porque estava ali. A mulher ficou enfurecida, disse que levantou-se cedo, fez o café e nos chamou, acrescentou que a mãe dela nunca teria feito isso por ela. Apelou e disse que era uma falta de respeito eu ficar ali fazendo hora com a cara dela. Foi se deitar! Eu fiquei ali por mais alguns istantes, sentado naquela cozinha, imaginando da onde surgiram aquelas pessoas, quando para a minha surpresa mais um estranho apareceu e disse: "uai, vai trabalhar não?". Eu disse a ele que não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que não me lembrava da mulher, nem da moça e tão pouco dele. O Senhor mais paciente sentou-se e conversou comigo por alguns minutos. Me levou para o lado de fora da casa, me mostrou algumas casas ao redor, me mostrou uma praça e um bar e depois perguntou se eu lembrava de algo. E eu respondi que não, porque realmente não me lembrava de nada daquilo. Voltamos para dentro de casa e ele foi até o quarto da mulher. Vieram os dois, sentaram-se ao meu lado e começaram a perguntar-me várias coisas do tipo "qual seu nome?", "você trabalha?", "você estuda?", "tem namorada?", "quantos anos tem?", "em que cidade mora?", "quem são seus amigos?". E para todas aquelas perguntas eu apresentei a mesma resposta: "NÃO ME LEMBRO!". Me levaram a casa de uma vizinha, uma velhinha e perguntaram-me se eu sabia quem era, mas eu não sabia, juro que não sabia! Me levaram a outras casas nas quais eu não me lembrava de ninguém, absolutamente ninguém que me era apresentado. Chegaram a me levar em uma empresa onde disseram que eu trabalhava no departamento jurídico e depois me levaram em um escritório, que segundo eles, seria o meu escritório. Me disseram que eu era advogado, que eu estava fazendo um curso de pós graduação em Direito Ambiental, que era apaixonado pelo Direito e tinha ansia de Justiça! Depois me disseram que meu nome era Vitor, que eu tinha 26 anos e que era filho deles e que a moça que me mandou ir cagar era minha irmã. Mas eu não me lembrava de nada. Não me lembrava de absolutamente nada! Não me lembrava da velhinha que disseram-me ser minha avó, não me lembrava da empresa e de nenhuma daquelas pessoas com quem disseram-me que eu trabalhava, não me lembrava de ter escritório e muito menos de ser advogado, enfim, não me lembrava da minha própria identidade, da minha origem, dos meus pais, do meu próprio nome. Eu perdi meu passado e desejei que as lembranças fossem como vacina, que pudessem ser injetadas! Eu perdi a memória! Eu não me lembro...
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Um comentário:
dei várias risadas com esse aiii..
OTIMOO .. AREBABA!!
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