quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

a te escrever...

Que estou fazendo a te escrever?
Você lê as linhas, mas não as entrelinhas.
Não, não, não são todos que sabem ler!
Palavras querem dar as mãos.
Querem diálogo entre o "eu" e o "eu-mesmo".
Será que como Clarice Lispector descubro eu agora que também não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro escreveria?
Será que como Drummond acredito que escrever seja não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.
E de que maneira vejo as coisas?
De que maneira você vê as coisas?
Minhas palavras, símbolos carentes de imagem.
Minha imagem, símbolo vivo de perturbação, “de um cara estranho que chegou e que parece não achar lugar no corpo em que Deus lhe encarnou”.
Escrevo para encontrar amores, para chorar rancores, para transar pudores.
Escrevo sem saber o porquê da necessidade que sinto de criar o porquê de se escrever.

Afinal, que estou fazendo a te escrever?

Um comentário:

picles disse...

"Talhando feito um artesão
A imagem de um rapaz de bem."