segunda-feira, 22 de junho de 2009


quisera eu entender
a minha própria busca
a busca de poesia, terapia e filosofia

nos bancos das praças
o bom da noite
o dom da noite
onde estão os mágicos
andarilhos, mendigos e hippes

aqueles que não vivem nos tempos
dos relógios de 24 horas
aqueles que dormem sob os bancos
sobre os quais fazem seus comícios
aqueles que comem seu pão na calçada
e que andam descalços pela madrugada

nas noites, ruas e bares
as vagabundas ou bundas vagas
mulheres mal amadas e mal pagas
em meio a boemia, a maresia, a putaria

e, onde estão os loucos para um discurso?
onde estão os loucos para um curso?
que nos ensine poemas para declamar
que nos ensine simplesmente, amar...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Açúcar (Ferreira Gullar)


O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.

Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
E veio dos canaviais extensos
Que não nascem por acaso
No regaço do vale.

Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.

quarta-feira, 10 de junho de 2009



...o tempo não está se esgotando.
o tempo está sempre ali.
é você que está se esgotando,
que está indo embora,
correndo rápido demais.
vá com calma.
o tempo é a única coisa
que ninguém tira de nós.

quisera eu entender
a preocupação cumpulsiva,
as unhas roídas
e a gastrite erosiva.

quisera eu entender
o porquê...
porque estou me esgotando,
correndo rápido demais,
se o tempo está sempre ali.

a graduação visando
a pós graduação.
estudar, trabalhar,
ganhar títulos para
pendura-los na parede.

fazer filhos, construir.
talvez seria um bom motivo
para permanecer pra sempre
na terra, correndo
contra o tempo...

onde está minha calma,
onde encontra-se minha alma?
alma sem corpo,corpo sem alma
alma de louco, louco por calma.
clamando por poesias,
que me permitam fantasias.

fantasias nas quais
o tempo respeite o
meu tempo
pois estou me
e s g o t a n d o . . .

terça-feira, 2 de junho de 2009

Versos prontos
Como o enredo de soluços
Embalados por pensamentos
Destilados
Despir-se da linhagem do rancor
Fazer amor
Ser criança
Em meio à inocência cruel
Tomar um copo e meio de fel
Em busca dos favos de mel
De qualquer sombra
Qualquer sobra
Que se dê aos degredados
Filhos de Eva
Mas antes
A brincadeira de Deus
A arte de ser poesia